Necropolítica, Deep State e Nutella Gourmet

 
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A nova (nem tanto) moda intelectual do academicismo autista é inventar novos “atributos” para os termos que expressam as noções de sempre. Pois até o delírio tem limite na hora de se elucubrar “conceitos” de coisa nenhuma. Depois de se explorar a jazida dos eufemismos à exaustão, o jeito foi passar a anexar adjetivos ou advérbios sensacionalistas aos termos tradicionais.
 
O que serve bem como marketing de livro “sério” que irá coabitar as prateleiras dos panfletos de receitas mágicas etc. das livrarias de shopping ou de beira de estrada. Dá Ibope; especialmente entre os cultivadores de filosofia e ciências humanas etéreas que alimentam o imaginário fantástico da esquerda brasileira e mundial.
 
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Senão, vejamos: o “Deep State” seria um “Estado paralelo”, oculto (exceto ao conceitualista – em seu gabinete ou no youtube), que opera a portas fechadas! Como se as decisões no Estado fossem tomadas no parlamento público e não na entrega privada dos mensalões, etc. Ora, tudo que se especula como atributos supostamente específicos desse suposto conceito “Deep State” não expressa mais que o conteúdo do termo “State” (aliás, expressa menos).
 
(Ou alguém acha que tudo que se passa no Estado está indexado para maior “transparência pública”? Não, amigo. Aqui a world wide web é tão deep quanto a deep web, aliás, mais deep que web.)
 
E a “necropolítica”… é uma política especialmente necrófila! Como se a política não fosse o aquinhoamento do butim, saqueado do povo, entre as forças aliadas a um governo, o mesmo povo contra o qual qualquer democracia faz presos políticos, após o uso de violência policial pública e antes da violência policial privada (se na rua vale atirar no olho das pessoas etc, imagina no momento da tortura), quando não simplesmente descamba para um Estado de Exceção ou para a guerra, mandando o povo matar outro povo e se matar, tudo em nome de interesses privados. Portanto, necropolítica é um pseudoconceito que visa simplesmente dar pompa e circunstância ao que não passa de política.
 
Como se o Estado e a política não fossem instrumentos de perpetuação da divisão da sociedade em classes, da completa desapropriação de uma classe (que trabalha) para a total propriedade da outra (que parasita).
 
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A política é a continuação da guerra por meio de tréguas. E o Estado é seu instrumento bélico. Há alguma política que não seja necrófila? Há algum Estado que atenda o interesse público sem que isso não seja o disfarce da partilha dos privilégios? Não é à tôa que tais pseudoconceitos sempre se mostram “complexos”, isto é, confusos. Pois não têm nada a nos dizer além da redundância.
 
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Resta agora vir aí o conceito de “Nutella Gourmet”.
 
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cientista humano produzindo mercadorias conceituais

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