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Disse Aristóteles: o homem é um animal racional.
Mas não, não somos animais racionais. A animalidade é o que é natural, porém a razão não é natural e inata (e pelo andar da carruagem da história, fica claro que ela está há um bocado de tempo sem dar muito as caras).
Como então adquirimos a racionalidade, e o que é a razão?
Ora, o indivíduo se torna racional quando bem (ou nem tanto) educado nela e para ela. Quanto ao gênero humano, desenvolveu – ou descobriu – a razão ao longo de muitos anos e muita lida prática com a realidade natural e social.
A humanidade finalmente chegou a um modo objetivo (isto é, desantropomorfizado) de pensamento na Grécia antiga, a partir de Tales. E, anos depois, Aristóteles sistematizou a lógica, ou ao menos sua forma clássica.
A razão não é, pois, uma categoria, uma faculdade ou uma coisa qualquer da mente, como a própria consciência é [*]. A razão é um MODO de pensar.
A razão é pensamento ontologicamente orientado; e ainda que ganhe as alturas da mais etérea abstração, como na matemática, é uma forma de organizar e dirigir o pensamento que surge e se exercita continuamente na atividade prática sensível, no cotidiano mais trivial. Se o indivíduo age e pensa com rigor ou não, é outra história.
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* Confira o texto: Categorias da mente.
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