O Estado prejudica a livre concorrência?

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Nobres e perpétuos candidatos a ideólogos e carpetes da burguesia costumam rezar o mantra do combate ao intervencionismo estatal sobre o mercado, pretendendo que isso torne “livre” a concorrência (vamos fingir no momento que isso não é um oxímoro) – a partir do que chegaremos ao auge da História, o “verdadeiro capitalismo”… que acabará com a pobreza e transformará todo trabalhador em “empreendedor”.
 
Em primeiro lugar, esse lumpesinato intelectual não sabe o que é capitalismo. Sonham com um mar em que os peixinhos irão nadar “livremente” com os tubarões, disputando meras provas de velocidade pelo prazer do esporte.
 
Que trabalhadores e capitalistas são igualmente proprietários de mercadorias que se trocam por meio de contratos livremente acordados, assim como leões e gazelas celebram suas relações sem nenhuma intervenção desleal a favor dos invejosos e preguiçosos.
 
Que, em suma, a concorrência parte de uma circunstância de igualdade, e é a ética do trabalho que irá alçar aqueles que se tornarão não-trabalhadores.
 
Que o resultado da concorrência não será o contínuo fortalecimento dos vencedores, e portanto a diminuição de seu contingente, mas sim que essa acumulação cada vez mais ampliada significará um maior acesso dos trabalhadores aos “recursos escassos” e aos bens produzidos.
 
É como colocar o Mike Tyson pra lutar com o Popó e querer te convencer que ambos vão ganhar, e que vc deve apostar no Popó.
 
Por fim, esses neo-economistas de horóscopo austríaco não compreendem que o intervencionismo do Estado não se opõe à concorrência no mercado.
 
Pois o Estado, como tudo mais, se compra e se vende. Ele é apenas um meio de incrementar o ganho dos negócios particulares, da mesma forma que a maior organização do trabalho, o aumento da produtividade, o arrocho salarial, a sonegação, a publicidade etc.
 
Portanto, esse papo de que é preciso privatizar os serviços públicos, eliminar impostos, eleger “administradores” no lugar dos políticos etc. nada mais é que chorumela de quem entrou no ringue e perdeu os dentes no primeiro assalto.
 
Neoliberais, ancaps e libertários acreditam, assim, que se o capitalismo não foi benevolente diante de suas incompetências e incapacidades mentais, é porque ele está sob efeito da “doutrinação” de falsos ídolos.
 
Eis como o Santander pôde ser chamado de banco “comunista”.
 
A solução? Acabar com o Estado e proteger a propriedade privada com as próprias unhas.
 
Vai dar serto çim, abiguínio.
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direitista varou noite defendendo o capitalismo