De como e porque Deus é o diabo disfarçado

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A religião é idêntica à política: se tá com a gente, é de Deus, é do bem. Se tá do lado de lá, é do diabo, é corrupto etc.

O problema é que os dois ou muitos lados falam a mesma coisa.

Conclusão 1: adorar a Deus pode significar adorar o diabo disfarçado, e não há como saber qual Deus é o verdadeiro e qual é falso.

Conclusão 2: adorar a Deus te faz ver o diabo por todos os lados, de modo que a discórdia é que alimenta sua adoração. Ou seja, todo Deus é o diabo disfarçado, te falando de amor enquanto enche seu peito (e esvazia o tambor) de medo, nojo e ódio.

Reconclusão 1: adorar a Deus é adorar o diabo disfarçado.

Ora, se Ele não fosse o mestre do ardil, não seria o diabo. Por outro lado, o vexame que humilha em constrangimento o diabo é a banalidade com que te engana… já que é você quem toma a iniciativa quando te fazem de otário.

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a batina é o santuário católico onde se educa as crianças na adoração dos totens

 

O troglodismo ao pódio, nos braços da escola

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Esse troglodismo chamado “escola sem partido” não surgiu do nada, mas da própria escola.
 
A esquerda fez uma crítica tão meia-boca à escola, em meio a cargos firmemente ocupados ou, na maioria dos casos, à porca sobrevivência – mas ambos resultando em uma docência maquinal, apropriada para a linha de montagem de discentes -, que restou ao vácuo puxar a direita pro campo da crítica. De tal modo que nem precisou ser crítica de verdade; bastou a casca da indignação e da veemência, até porque a falta de conteúdo não deixa de ter correspondência com o objeto.
 
O discurso ganhou ares de Guerra Fria porque não há mais nada que a direita saiba usar como denúncia. Mas a perseguição, a perfídia, a inveja, a vileza, a mediocridade, a insignificância, o conservadorismo, a canalhice e a burrice não são novidade. Povoam a escola desde sempre; tanto pior a escola que a ditadura nos legou, privatizando a educação, mercadologizando o aprendizado, tecnicizando o saber, sucateando o ambiente e os meios de ação e lançando professores e alunos no completo desvalor de uma atividade evidentemente contraditória: diz ensinar, mas embrutece.
 
Claro, nem tudo é desgraça na escola. O fato de haver uma comunidade, ainda que seccionada em castas, permite acontecer em meio ao formalismo estéril um vigoroso crescimento e aprendizado; e por vezes ele é transgressor, libertário ou insolente. Ora, de algum modo e em algum momento as pessoas têm de se afirmar. O conflito e o improviso são a alma ainda viva da escola.
 
Pois é contra essa experiência de fazer viva a escola que os jagunços da administração, a favor de demandas abstratas do mercado e de leis e regras estúpidas do Estado, mas principalmente a favor de seus microscópicos domínios de mando e conforto, de importância e status, no mais das vezes puramente imaginários, lançam mão da vingança mais covarde, do sadismo mais eunuco, e se deleitam em fazer maior o inferno dos pobres diabos – de quem por fim tripudiam, vendo que ficam perplexos em cambalear numa arena que antes usava de lhes ser familiar.
 
Desta vez os sicários da máquina escolar estão no Ministério da Educação, na Justiça, na Defesa, no Governo, no poder. E vociferam sua ignorância feroz com pompa e altivez. Não brotaram como mofo do ar; subiram por nossas costas e ombros. Alguns fizeram campanha contra, mas estão agora no pódio e nos apontam novas armas. Se a munição é ainda a mesma, o atual calibre é efetivamente demolidor.
 
Olhamos pros lados e não enxergamos com quem, afinal, vamos sair às ruas. Mas a juventude, o franco desimpedimento e o desembaraço dos estudantes diante da gosma institucional pode salvar e refundar a educação neste país.
 
Que sacudam a poeira, enterrem os apodrecidos que insistem em andar por entre nós e eduquem o futuro.
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cena dos alunos sendo moidos e virando carne morida
chegou enfim ao pódio a Escola do Partido Sem Escola, nos braços da escola sem escola nem partido