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Interessante notar como aqueles que fazem a “crítica da classe média” se enquadram exatamente no que chamam de “classe média”.
Ou melhor, “exatamente”: pois nada é mais inexato que essa pseudocategoria sociologista.
Essa “classe média” autocrítica, ou talvez crítica de uma “outra” classe média, constitui um bom bocado do eleitorado e da militância das esquerdas pequeno-burguesas, tais como o PT, PCdoB e PSOL, partidos da esquerda limpinha e cheirosa, cujo socialismo (quando ainda há algum) é um mar de flores cristãs que chegará através da paz e do amor.
Revolução? Nem pensar. Esse socialismo chegará pelas mãos da “classe média esclarecida” através de seus representantes políticos enfurnados em conchavos com a burguesia, pois a democracia é bela e o Estado deve pôr em ação políticas que garantam a felicidade “para todos”.
Revolução é utopia, mas querer distribuir renda sem mexer na produção da renda, não…
Por isso, trabalhadores não entram no bonde, pois hoje em dia querem apenas desfrutar de aparelhos celulares e tênis de marca (o socialismo pequeno-burguês é franciscano e prega a renúncia dos pobres ao consumo).
Além disso, a TV, o futebol e a Ambev os hipnotiza, ao lado de Jesus. Donde que os trabalhadores não são mais e nunca serão potencialmente revolucionários; então o negócio é dar-lhes bolsa-esmola e centrar foco na disputa pela “classe média”.
Por isso é que tais socialistas falam da “classe média” tanto quanto o pastor fala do diabo. É uma espécie de narcisismo.
Se esquecem do seguinte:
Os trabalhadores nunca foram revolucionários. Sempre encheram a cara de Faustão, Jesus, Galo, Raposa, redtube, cerveja barata e outras coisas mais.
Assim como faziam os trabalhadores russos antes de derrubarem o Czar.
Não havia Faustão, é certo, mas a TV apenas reforça hoje o que a Igreja já fazia há uns dois mil anos e que, aliás, fazia de forma muito mais eficaz.
Isso impediu alguma das revoluções já ocorridas na história? Não. E por que?
O que é que acontece numa revolução que os caras mais acomodados ao status quo resolvem de repente derrubá-lo?
Não é por outro motivo que o termo é exatamente esse: “revolução”.
A propósito,
“Não é a consciência que determina o ser, mas o ser que determina a consciência” – Marx.
E ainda:
“Toda revolução é impossível, até o momento em que se torna inevitável” – Trotsky.
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