A fantasia do capitalismo enquanto produto cultural “eurocêntrico”

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Tem sido difundida a idéia de que o capitalismo é “eurocêntrico”, produto cultural de toda a Europa – e/ou americano, com o que se diz que os EUA são um país “europeu”, na medida que sua “cultura” é capitalista.

Em primeiro lugar, falar de “eurocentrismo” é dar uns bons bofetões na história e nas culturas de cada país europeu. É falar para um basco que ele é espanhol e ainda mais que isso, pois seu país e a Espanha são igualmente “europeus”; é afirmar a supressão das diferenças entre os sérvios e os bósnios; etc.

Quanto a igualar EUA e Europa, é pior que dizer que um texano e um novaiorquino são idênticos.

O capitalismo surgiu na Europa, é fato; mas ele se fez “pelas costas” dos indivíduos e suas culturas. Tanto é que ele começa na Itália, mas definha aí quando Portugal dobra o Cabo da Boa Esperança e traça uma nova rota de comércio com a China e a Índia.

O capitalismo entra em sua fase madura com a Revolução Industrial na Inglaterra, o que deixa para muito atrás o mercantilismo, e dá um gigantesco salto em seu processo de globalização.

Isso não ocorre com o capitalismo se adequando às diferentes nações e culturas, mas adequando estas a ele.

Basta ver, p.ex., como o Japão se tornou “ocidental” depois da Segunda Guerra.

O capitalismo nunca foi, pois, italiano, português, inglês ou americano; nunca foi, em nenhum sentido, nacional, e muito menos uma cultura. Ao contrário, submeteu todas as nações e culturas a ele e aos seus aparatos estatais, o que até hoje resulta em tragédias, tais como a dos sérvios ou dos bascos.

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deturparam o capitalismo
cultivando a esterilidade

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