“A Otimização da Limitação”: fábula da ciência a serviço da propriedade privada

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Esta é uma adaptação minha de uma estorinha folclórica.

Um fazendeiro chama um engenheiro, um físico e um matemático e dá a cada um deles um pedaço de arame farpado. Pede-lhes, então, que encontrem um jeito de cercar o máximo possível de terra com o mínimo possível de arame.

O engenheiro dispõe a cerca numa circunferência e declara: “não há jeito mais eficiente de cercar o máximo possível de área”.

O problema é que a área era tão máxima quanto mínimo era o arame.

O físico estica a cerca como sendo uma linha reta e explica: “podemos supor que esse segmento de reta segue nos dois sentidos até tocarem os extremos e, assim, cercamos metade do planeta Terra”.

Mas, para aquém da suposição do físico, não havia arame para dar a volta no planeta.

O matemático pega o pedacinho de arame e enrola nele o próprio corpo. E diz: “eu estou do lado de fora”.

O matemático ganha do fazendeiro um biscoito como prêmio pela descoberta, enquanto a propriedade privada revela seu verdadeiro significado: privação de todos os não-fazendeiros de qualquer propriedade.

a-cerca

 

MORAL da estorieta: a ciência se torna estúpida quando a serviço das cercas.

 

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2 comentários sobre ““A Otimização da Limitação”: fábula da ciência a serviço da propriedade privada

  1. Olá Erik,

    creio que a questão abordada neste texto é um ponto aterrorizador, repulsivo e absolutamente necessário para a compreensão da condição humana atual: a propriedade privada, modo histórico e não natural de cooperação, ao invés de beneficiar a humanidade com as criações materiais e espirituais dos homens, priva-os delas. Constitui uma classe oprimida que produz a sociedade e não se beneficia do próprio trabalho, ao contrário, se vê obrigada a carregar nos ombros todo o peso da sociedade, a começar pela fome, a doença, a penúria, a ignorância. O poder da burguesia como classe dominante está exatamente na propriedade privada, legitimada pela cortina de fumaça das teses idealistas, das leis, da sociedade civil, do estado e da política: práticas idealistas com reverberações reais na manutenção absoluta da propriedade privada. Urge mais do que nunca derrubar a ordem atual, derrubar a burguesia, aniquilar a propriedade privada.

    As criações humanas tomam as rédeas da subjetividade, um poder estranho aprisiona os homens, aliena-os de si mesmos. Como você cita na epígrafe de sua tese, o homem, demiurgo da natureza ainda não é o demiurgo de si mesmo, não é isso?

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